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Quando o lucro enxerga mais que a solidariedade: querem que governo pare de dar óculos no MA 

A manifestação realizada por empresários do setor óptico, nesta terça-feira (4), em frente à Assembleia Legislativa do Maranhão, revela uma triste contradição entre o interesse privado e o compromisso público com a dignidade humana. O protesto, que criticou os mutirões promovidos pelo Governo do Estado com atendimentos oftalmológicos e distribuição gratuita de óculos, deixa evidente que a preocupação central de parte desses empresários não é com a qualidade do serviço, mas com a perda de mercado — ou, em termos mais diretos, com o impacto no próprio faturamento.

É preciso lembrar que o direito à saúde é um dever do Estado e um princípio fundamental previsto na Constituição. Os programas sociais que garantem consultas oftalmológicas e óculos gratuitos não são ações “desordenadas”, como alegam os manifestantes, mas iniciativas que buscam atender uma parcela da população historicamente esquecida — pessoas que, muitas vezes, passam anos convivendo com dificuldades de visão por não poderem pagar por um simples exame ou por lentes corretivas.

Na prática, a chamada “concorrência desleal” apontada pelos empresários nada mais é do que o poder público cumprindo o seu papel social. É desconfortável, é verdade, quando o Estado se volta aos que mais precisam e evidencia que boa parte do setor privado se beneficia justamente da vulnerabilidade dessas pessoas. Não são poucos os casos de cidadãos de baixa renda que acabam endividados, parcelando óculos a preços exorbitantes em longos carnês — um retrato cruel da desigualdade que programas sociais buscam corrigir.

No Maranhão, apenas nos últimos anos, centenas de milhares de óculos foram distribuídos gratuitamente ao povo pobre por todas as regiões, além de milhares de atendimentos com consultas e até cirurgias. Enquanto o governo amplia o acesso à saúde ocular, garantindo inclusão e qualidade de vida, o setor óptico deveria enxergar na iniciativa uma oportunidade de parceria, não de disputa. O verdadeiro desenvolvimento se constrói quando o lucro caminha junto com a responsabilidade social — e não quando tenta ofuscar o olhar solidário de quem enxerga além do próprio bolso.

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